31 de agosto de 2009

Trampolins (Pirueta e Meia Pirueta)

A Ginástica é, em certa medida, uma modalidade com estatuto privilegiado em virtude da existência de uma grande afinidade entre os seus movimentos e uma parte do repertório natural da criança (a riqueza e a multiplicidade de situações experimentadas pela criança no período exploratório da sua vida assume um peso importantíssimo no trabalho de iniciação à ginástica). Paralelamente ao factor referenciado, a ginástica contribui de forma decisiva para o desenvolvimento de capacidades coordenativas, expressivas e de comunicação, exigindo do aluno um grande domínio corporal, daí a importância da inclusão das actividades gímnicas no conjunto das actividades escolares. De uma forma global, com o ensino da ginástica pretende-se estimular e promover o desenvolvimento de uma educação gímnica de forma a proporcionar experiência ao nível das atitudes posturais conducentes à construção dos elementos gímnicos básicos mas diversificados. Ao nível da interacção com outros domínios comportamentais pretende-se de igual modo desenvolver atitudes de cooperação e autodomínio, ao nível do trabalho com aprendizagem de inter-ajudas permitindo uma melhoria das prestações. Todavia, a ginástica também encerra uma grande variedade de movimentação / exercitação não só em exercícios no solo e aparelhos da Ginástica Artística (Desportiva) Artística e Rítmica, mas também nos Trampolins (Mini, Duplo Mini e Trampolim ou “Cama Elástica”) e a Acrobática.

Definições
Elemento gímnico - Fracção do exercício que possui a sua própria finalidade, a sua própria significação e o seu próprio valor, fixado arbitrariamente ao longo da evolução da ginástica. Desenvolve-se no espaço (forma visual) e tem uma certa duração (forma temporal).
Exercício gímnico - Conjunto de gestos e elementos codificados podendo permitir um juízo de valor sobre a escolha, ligação combinação e execução dos diferentes gestos. Com um inicio e um fim. Qualquer exercício, mesmo que possua só elementos muito fáceis, é sempre um exercício.
Trampolins - O trampolim é considerado um desporto acrobático de carácter individual.

Competição de Trampolins Mini Trampolim
- Individual (execução de três exercícios);
- Equipas (constituída por três ou quatro atletas).

Competição de Trampolins Duplo Mini Trampolim
- Individual (execução de quatro séries, com dois elementos técnicos por série);
- Equipas (constituída por três ou quatro atletas);

Competição de Trampolim
- Individual (execução de uma série obrigatória e outra facultativa com dez elementos técnicos por série);
- Equipas (constituída por três ou quatro atletas);
- Sincronizado (constituída por dois atletas que têm de executar os mesmos exercícios, simultaneamente, com o mesmo ritmo e para o mesmo lado).

Pontuação em Trampolins - A pontuação máxima para cada série de exercícios é o máximo possível. Na competição de Mini Trampolim, de Duplo Mini Trampolim e no Trampolim individual, a pontuação final é o somatório da nota de execução, no máximo de 10 pontos, com a nota de dificuldade. Na competição de trampolim sincronizado, a pontuação final é o somatório da nota de execução, com a nota de dificuldade e com a nota de sincronismo.
Dificuldade - A cada elemento gímnico é atribuído um valor, tendo em consideração o seu grau de dificuldade.

Mini Trampolim - Os saltos de mini trampolim apresentam quatro fases distintas: Apresentação e corrida de balanço; Chamada; Salto propriamente dito; e chegada ao solo.
1ª Fase - Apresentação e corrida de balanço - A corrida deve ser controlada e na perpendicular do aparelho. O último apoio da corrida de balanço ou pré salto deve ser feito a uma distância que permita uma chamada correcta no aparelho. Esta distância varia em função da altura do praticante e da velocidade de corrida de balanço;
2ª Fase - Chamada - A chamada deve ser feita com a planta dos pés paralelos, no centro do aparelho, a um tempo e com os joelhos ligeiramente flectidos. Em seguida, à saída do aparelho, deve efectuar-se um rápido e enérgico puxão dos braços, bem como uma extensão forte dos joelhos e tornozelos;
3ª Fase - Salto propriamente dito - Durante a realização de qualquer salto o olhar deve estar dirigido para a frente;
4ª Fase - Chegada ao solo - A chegada ao solo deve ser realizada através do contacto da parte anterior dos pés e pela flexão dos joelhos, para amortecer a queda, para terminar de pé com os braços em extensão inferior.

Meia Pirueta Vertical
Componentes críticas - As piruetas são rotações do corpo em torno do eixo longitudinal. As piruetas não devem ser iniciadas em contacto com a tela de forma a minimizar-se a quantidade de rotação no momento da saída da tela para que se produzam trajectórias com o máximo de translação ver¬tical e o mínimo possível de deslocamento horizontal.
Na meia pirueta, a projecção do tronco tem que ser sempre vertical e os membros superiores acompanham a trajectória de elevação. Estes elevam-se simultaneamente e paralelos, mas o membro superior do lado da rotação executa um ligeiro afastamento em relação ao eixo do corpo, contribuindo para aumentar a velocidade de movimento. A cabeça mantém-se sempre na posição anatómica acompanhando todo o movimento de rotação, sem se antecipar a este. No final do movimento procura-se rapidamente, com o olhar, um ponto de referência:
a) No Trampolim a sua parte anterior;
b) No DMT e no MT, a frente do colchão de recepção.
Após o ponto máximo de elevação e terminada a rotação, os membros superiores executam um afastamento lateral, parando o movimento de rotação e aproximando-se do tronco prepa¬rando a recepção ou o salto seguinte.

Progressão pedagógica - O mini trampolim inclinado contra o colchão, no qual se colocou outro colchão mais fino e duro. O aluno inicia o exercício em cima do mini trampolim e de costas para o colchão, salta no mini trampolim e regressa ao mesmo com um salto à retaguarda.
Salto com meia pirueta; ajuda na impulsão.
Salto com meia pirueta partindo de cima do plinto.
Salto com meia pirueta no Mini Trampolim partindo de cima de um plinto.
Salto com meia pirueta após impulsão no trampolim reuther.
Salto com meia pirueta no Trampolim; ajudante preparado para introduzir o colchão em caso de desequilíbrio.

Pirueta vertical - A aprendizagem da Pirueta Vertical deve iniciar-se a sua gradualmente. No decorrer desta não se deverá iniciar a rotação antes dos contactos (pés) deixarem a lona, e o corpo deve assumir uma ligeira retroversão para unificar o controlo dos dois segmentos corporais (tronco e pernas). Uma das técnicas utilizadas será, um braço em elevação superior – do lado para o qual se vai fazer a rotação (pode-se aumentar ou diminuir a velocidade de rotação, abrindo ou fechado os braços junto ao corpo) – o outro braço roda junto ao corpo para o lado contrário, devendo ter-se atenção para nunca deixar os alunos rodar com um braço à frente e outro atrás. No entanto, existem outras formas de realizar as piruetas. (Ludens, 1984)

Componentes críticas - Tal como na meia pirueta, na saída da tela deve verificar-se um alinhamento do corpo e, a sua pro¬jecção deve ser vertical e os membros superiores deverão elevar-se pela frente ajudando à impulsão. O membro superior do lado da rotação executa um ligeiro afastamento em relação ao eixo do corpo, contribuindo para aumentar a velocidade de movimento, que deverá ser mais enérgico do que na meia pirueta, visto que se trata de realizar uma rotação completa. A cabeça deverá manter-se sempre na posição anatómica acompanhando todo o movimento de rotação, sem se antecipar a este. No final do movimento procura-se rapidamente, com o olhar, um ponto de referência:
a) No Trampolim a sua parte anterior;
b) No Duplo Mini Trampolim e no Mini Trampolim, a frente do colchão de recepção.
Após o ponto máximo de elevação e terminada a rotação, os membros superiores executam um afastamento lateral, parando o movimento de rotação e aproximando-se do tronco preparando a recepção ou o salto seguinte.

Progressão pedagógica
Salto com meia pirueta, com ajuda do mini trampolim;
Salto com pirueta; ajuda na impulsão.
Salto com pirueta partindo de cima do plinto.
Salto com pirueta no Mini Trampolim partindo de cima de um plinto.
Salto com pirueta após impulsão no trampolim reuther.
Salto com pirueta no Trampolim; ajudante preparado para introduzir o colchão em caso de desequilíbrio.

Aspectos técnicos importantes
Salto de ½ pirueta vertical
- Rápida corrida de balanço (Mini Trampolim);
- Enérgico puxão dos Membros Superiores para cima;
- Bom afundamento da lona seguida da extensão dos Membros Inferiores;
- Na fase de voo, o corpo deverá manter-se tenso, com os braços em elevação superior, com os membros inferiores estendidos e unidos;
- Os Membros Superiores devem ser colocados tão próximo quanto possível do eixo de rotação (eixo longitudinal), para deste modo aumentar a velocidade de rotação;
- Ao atingir-se o ponto mais alto do salto, inicia-se a rotação dos ombros para o lado da pirueta, acompanhando com a rotação da cabeça para o mesmo lado;
- Uma vez completada a meia pirueta, deve-se iniciar a descida de forma totalmente controlada.

Salto em extensão com pirueta
- Rápida corrida de balanço (Mini Trampolim);
- Enérgico puxão dos Membros Superiores para cima;
- Bom afundamento da lona seguida da extensão dos Membros Inferiores;
- Na fase de voo, o corpo deverá manter-se tenso, com os braços em elevação superior, com os membros inferiores estendidos e unidos;
- Os membros superiores devem ser colocados tão próximo quanto possível do eixo de rotação (eixo longitudinal), para deste modo aumentar a velocidade de rotação;
- Ao atingir-se o ponto mais alto do salto, inicia-se a rotação dos ombros para o lado da pirueta, acompanhando com a rotação da cabeça para o mesmo lado;
- Uma vez completa a meia pirueta, deve se iniciar a descida de forma totalmente controlada.

Erros a evitar
Pirueta - Erros mais frequentes - Corpo abandonado; Movimento brusco da cabeça; Inclinação do tronco; Membros superiores afastados do eixo longitudinal; Olhar dirigido para a tela ou pés (flexão da cabeça); Grande quantidade de rotação produzida pela exagerada projecção dos membros superiores lateralmente e pela rotação da cabeça no sentido da rotação; Demasiada velocidade de rotação, provocada pelo início de rotação sobre o eixo longitudinal, antes de finalizado o contacto dos pés com a tela (iniciar a rotação antes de "sair" da tela); Falta de alinhamento entre o tronco e os membros inferiores (flexão e/ou anteversão da bacia); Pés e membros inferiores flectidos; No Trampolim; movimento de translação longitudinal acentuada ("viajar" pela tela); No Duplo Mini Trampolim e no Mini Trampolim; deslocamento longitudinal exagerado (recepção muito afastada do aparelho); No Duplo Mini Trampolim e no Mini Trampolim; recepção em desequilíbrio.

Meia Pirueta - Erros mais frequentes - Corpo abandonado; Movimento brusco da cabeça; Inclinação do tronco; Membros Superiores afastados do eixo longitudinal; Olhar dirigido para a lona ou pés (flexão da cabeça); Grande quantidade de rotação produzida pela exagerada projecção dos membros superiores lateralmente e pela rotação da cabeça no sentido da rotação; Demasiada velocidade de rotação, provocada pelo início de rotação sobre o eixo longitudinal, antes de finalizado o contacto dos pés com a tela (iniciar a rotação antes de "sair" da lona); Falta de alinhamento entre o tronco e os membros inferiores (flexão e/ou anteversão da bacia); Pés e membros inferiores flectidos; No Trampolim; movimento de translação longitudinal acentuada ("viajar" pela tela); No Duplo Mini Trampolim e no Mini Trampolim; deslocamento longitudinal exagerado (recepção muito afastada do aparelho); No Duplo Mini Trampolim e no Mini Trampolim; recepção em desequilíbrio.

Acções motoras predominantes - Este parágrafo é igual para ambos os casos. Quer na Pirueta, quer na Meia Pirueta, as acções motoras predominantes são as mesmas, ou seja, impulsão dos membros inferiores e antepulsão.

Ajuda manual (Pirueta) - O ajudante intervém ao nível da bacia fornecendo impulsos que aumentam a velocidade de rotação e facilitando o equilíbrio do aluno. Também deverá segurá-lo com uma mão na zona da bacia e outra nas costas no momento da recepção.
Ajuda manual (Meia Pirueta) - O ajudante deve-se manter atento durante a execução da meia pirueta e intervir para parar o aluno em caso de desequilíbrio. Na recepção coloca-se uma mão na zona abdominal ou no ombro e outra nas costas.

Situações de Aprendizagem
Pirueta - Salto com pirueta no mini trampolim: ajuda-se na recepção; o ajudante deve manter-se atento durante a execução da pirueta e intervir para parar o aluno no caso de desequilíbrio.
No duplo mini trampolim – salto de vela na entrada com pirueta na saída; o ajudante intervém apenas na fase de recepção.
Meia Pirueta - Salto com meia pirueta no mini trampolim; o ajudante pode dar pequenos impulsos à rotação intervindo na zona da bacia. Deverá facilitar a recepção. Ajuda-se na recepção.
Salto de vela na entrada e salto com meia pirueta na saída do Duplo Mini trampolim; o ajudante intervém apenas na fase de recepção.

Exercício de Flexibilidade
Pirueta - Realizar a Ponte com a ajuda de um Espaldar, no qual o indivíduo se encontra deitado no chão com as pernas flectidas (como se estivesse sentado) e, desta forma, apoiando os pés ao nível da barra do Espaldar que estiver mais próxima. A partir desta posição, apoiando as mãos no solo, irá realizar uma antepulsão da bacia para realizar a Ponte com a maior amplitude possível.
Outro exercício de flexibilidade indicado para a realização deste elemento pela bibliografia (Manual Técnico e Pedagógico de Trampolins), é a realização da Espargata Frontal com os membros superiores em extensão lateral ao nível dos ombros.
Meia Pirueta - Para este elemento gímnico, o exercício proposto para trabalhar flexibilidade é a realização do apoio facial invertido com apoio do Espaldar, no qual o indivíduo deverá fazer o apoio das mãos a 30/40cm do mesmo, apoiando os membros inferiores no Espaldar, promovendo assim a antepulsão da bacia. Um outro exercício proposto para a mesma finalidade é individuo ficar suspenso no espaldar com as mãos e apoiando os glúteos, promovendo o alongamento dos membros superiores através da acção do peso do corpo do próprio indivíduo.

Exercício de Força
Pirueta - Os exercícios de força propostos para este elemento são a realização do apoio facial invertido junto ao espaldar e multi-saltos em extensão no Reuther.
Meia Pirueta - Para o presente elemento gímnico um dos exercícios propostos é a elevação simultânea dos membros inferiores a 90º partindo de uma posição de extensão nas Paralelas Simétricas. O outro exercício proposto realização com a ajuda do Plinto, no qual o individuo se encontra apoiado com o tronco em posição ventral e com os membros superiores em extensão, promovendo o trabalho dos membros inferiores alternadamente de uma posição angular de 90º para 0º.

Segurança em Trampolins
Hoje em dia, a segurança é vista como um ponto fundamental no ensino dos diferentes elementos gímnicos. Encarada como um dos pontos a ter em conta na preparação e elaboração das sessões, apresenta um vasto conjunto de regras que professor e alunos deverão seguir, para que não se coloque em risco a sua integridade física.
Dever-se-á ter em conta os seguintes princípios de segurança, de forma a prevenir qualquer perigo para o praticante:
- Não saltar sozinho;
- Não saltar com ténis ou em meias;
- Não saltar para o chão;
- Não usar adornos (fios, pulseiras, anéis...);
- Não saltar sem ajudante qualificado;
- Reconhecer o cansaço – “A fadiga provoca o acidente”;
- Não saltar sem antes ter realizado uma activação geral, que mobilize todos os segmentos corporais, principalmente, os membros inferiores, os ombros e a coluna vertebral;
- Na iniciação aos saltos os alunos não devem realizar saltos demasiado elevados, pois tendem a descontrolar-se;
- Em exercícios mais complexos, não saltar sem ajuda;
- Após o salto, deve-se abandonar a zona de queda (colchão) rapidamente;
- Não saltar directamente do trampolim para o solo.
- Após terminar a sessão – aula, os aparelhos deverão ser devidamente arrumados, não permitindo a sua utilização;
- Atender ao vestuário utilizado na realização dos exercícios. Vestuário muito largo pode provocar acidentes, devido à sua propensão para se prenderem aos aparelhos. 

Conclusão
Sendo a Ginástica uma modalidade que premeia a afinidade entre os seus movimentos, e contribuindo decisivamente para o desenvolvimento de capacidades coordenativas, expressivas e de comunicação, com o ensino da ginástica pretende-se estimular e promover o desenvolvimento de uma educação gímnica de forma a proporcionar experiência ao nível das atitudes posturais conducentes à construção dos elementos gímnicos básicos mas diversificados.
A pesquisa realizada ao longo da realização do trabalho permitiu-nos ter uma noção mais aprofundada das dificuldades que por vezes poderão surgir aquando da realização destes elementos, dificuldades que até mesmo nós por vezes sentimos, mas que não sabemos como corrigi-las, mas não temos noção do que estamos a executar mal. Outra mais-valia considerada é ficarmos com uma maior noção de como, quando e onde deverão ser realizadas as ajudas aos indivíduos que apresentam dificuldades na realização dos elementos abordados. Esta mesma pesquisa permite-nos também uma maior noção de como ensinar as crianças passo a passo da aprendizagem quer da Meia Pirueta, quer da Pirueta quer estas apresentem muitas ou poucas dificuldades.

Bibliografia
Araújo, C. (2002). Manual de Ajudas em Ginástica. Editor Carlos Araújo.
Moreira, J., Araújo, C. (2004). Manual Técnico e Pedagógico de Trampolins. Porto Editora.
http://www.apostaganha.pt/ginastica-jogos-olimpicos-2008/
http://www.eb23-agueda.rcts.pt/curriculo/ef_9.pdf
http://www.estondela.pt/PaginaEF/Documentos/Textos_apoio_Ginastica_7_ano.pdf
http://www.estondela.pt/PaginaEF/Documentos/Textos_apoio_Ginastica_8_ano.pdf
http://www.malhatlantica.pt/esseomaracostaprimo/educacao_fisica/ProgramaseRegulamentos/ProjectCurricularEF_sintese.pdf
http://www.esec-sever-vouga.rcts.pt/documentos/2Sumula_9ano_versao2.pdf